quarta-feira, 8 de junho de 2011

Sete passos para a estabilidade espiritual - Mansidão e fé


Como vimos em nosso ultimo estudo, a vida cristã é para muitos, cheia de altos e baixos. No entanto, Paulo nos exorta a permanecermos firmes do Senhor diante das mais terríveis provações. O apóstolo também nos mostra que para alçarmos uma vida espiritual estável é necessário colocar em ordem todos os nossos relacionamentos. Precisamos pensar concordemente no Senhor para que haja harmonia e alegria na igreja (Fp 4.2-4).


 Passos 3 e 4
Filipenses 4.5 e 6

     A igreja de Filipos enfrentava não apenas problemas de relacionamento, mas também de ansiedade. Mas o que significa ansiedade? De maneira simples, podemos dizer que a ansiedade é a preocupação em excesso. Você conhece alguma pessoa ansiosa? Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 50% das pessoas que passam pelos hospitais são vítimas da ansiedade. A ansiedade é o estrangulamento da alma, é a calamidade, o flagelo das emoções. Por que a ansiedade é tão perigosa? O cristão que age dessa forma está na verdade dizendo: “Deus, sei o que Tu dizes em Tua Palavra para não ficar ansioso, mas não estou seguro de que possas me livrar disso.” Podemos resumir dizendo que, a ansiedade é tirar os olhos de Deus para colocá-los nas circunstâncias.


Todos nós, em algum momento da vida, ficamos ansiosos. A grande questão é: Como podemos enfrentar a ansiedade?



    I.    Aprenda a ser Manso.

Filipenses 4.5 Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.”

  1. O que é Mansidão

Alegrar-se (v. 4) está ligado a ser “atencioso” (“gentil” na versão NVI; “equidade” na versão Almeida RC e “amáveis” na versão LH). Além de alegria, os crentes devem ter mansidão, que deve ser evidente para todos. Mansidão e paciência é uma questão de saber a verdade sobre este mundo e o outro, este é o verdadeiro conhecimento e discernimento (1.9-10). A alegria é uma qualidade interior em relação às circunstâncias, nem sempre pode ser vista, mas a maneira como reagimos com os outros na serenidade ou aspereza serão notados.[1]



Embora tenhamos várias traduções para “moderação” (epieikes), é difícil encontrar uma palavra na língua portuguesa que seja capaz de expressar o significado completo da palavra “moderação”. Como vimos, alguns traduzem como contentamento, gentileza, generosidade e boa vontade para com os outros. Outros dizem que se refere à misericórdia ou clemência para com os erros ou falhas dos outros. Na verdade, a palavra moderação é um tipo de mansidão que é capaz de submeter-se a injustiça, a vergonha, os maus tratos, sem ódio, sem maldade, sem retaliação, sem rancor e sem vingança.

Ser manso inclui outro elemento importante: a humildade. O cristão humilde diz: “Você deturpou e arruinou a minha reputação, mas eu confio em Deus e não guardo rancor”. Uma pessoa assim não procura os seus direitos. Não foi a graça de Deus manifesta a nós da mesma forma? (cf. Rom. 5.10). A humildade irá ajudá-lo a manter-se estável, apesar das circunstâncias. Além disso, saber que Jesus Cristo vai voltar serve como motivação para a mansidão e paciência.[2]



 B. O que não é mansidão.

 Existencialismo, o pensamento filosófico da psicologia contemporânea que se infiltrou não apenas em nossa sociedade, mas também em muitas igrejas. Existencialismo significa que cada ser humano tem o direito de fazer aquilo que lhe dar prazer, que o faz se sentir bem. Mas, este é um pensamento equivocado por que tem a sua origem no orgulho. É uma pessoa egoísta que diz: “Se alguma coisa faz você se sentir bem, mas me machuca, você não pode fazê-lo. Mas se algo me faz sentir bem, mas machuca os outros, eu posso fazer de qualquer maneira”. Alguns enganam a si mesmos, dizendo: “Meu pecado não machucou ninguém”, mas o pecado sempre acaba machucando alguém.

  Infelizmente, muitos cristãos são pegos na ênfase atual secular sobre o perigo do orgulho. Dr. Paul Brownback observou que muitos cristãos hoje compram mais livros sobre auto-ajuda do que livros que falam das Sagradas Escrituras (o perigo do Self-Love [Chicago: Moody, 1983]).  Em contraste com o amor-próprio, a Escritura diz que devemos ser humildes e altruístas (Filipenses 2.3-4), amar aqueles que nos maltratam (Mt 5.44), e estender a misericórdia para com aqueles que tropeçaram várias vezes (1Pe 4.8). 

A estabilidade espiritual só poderá ser alcançada quando tivermos conhecimento correto de quem somos e pra onde vamos. Ou seja, a mente segura, a mente que está guardada pela paz de Deus nos liberta da preocupação excessiva.[3] Se os nossos pensamentos estiverem firmados em Deus, não seremos vítimas das circunstâncias. É esse conhecimento que fez Paulo dizer:

Filipenses 4.11 Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.”

Paulo estava contente por causa do seu espírito sereno, e não devido as suas circunstâncias. No entanto, alguns cristãos têm grande dificuldade para lidar com as circunstâncias. Alguns crentes tomam tudo o que ouvem e vêem e filtram em suas mentes para ver se os fere de alguma forma. Mas isso resultará em instabilidade imediata e ansiedade. Quando sofremos maus-tratos, a mansidão nos ajudará a permanecer estáveis. Se tivermos em mente que o Senhor está conosco em todos os momentos, então será fácil obedecê-lo e conviver com outras pessoas.[4]



 II.    Aprenda a descansar em Deus.

Filipenses 4.5-6 “... Perto está o Senhor. ... Não andeis ansiosos de coisa alguma...”

  1. A Presença do Senhor

 O termo grego traduzido por “perto” (eggus) pode referir-se a espaço ou tempo. A proximidade espacial é como dizer: “Essa cadeira está próxima”. Porém, a proximidade cronológica é como dizer, “segunda-feira está perto”.

Ou seja, quando Paulo diz que Deus está próximo, podemos entender que Deus nos envolve com sua presença (Sl 119.151). Quando você tem um pensamento, o Senhor está perto e sabe o que se passa em sua mente, quando você ora, o Senhor está perto para ouvi-lo, quando você precisa de força e poder, Ele está perto para fortalecê-lo. Na verdade Ele vive em você e é a fonte de sua vida espiritual. A consciência da presença de Deus em sua vida vai afastar toda a ansiedade do se coração.

Não importa como eu sou tratado, o Senhor está próximo e o Senhor sabe a verdade sobre tudo. E o Senhor é o equalizador final. Todas as coisas estão em Suas mãos. E esta é a minha fonte de segurança, a confiança na presença do meu Deus. Se eu entendo que o meu Deus está perto, é tudo o que preciso saber.

O profeta Habacuque nos ensina preciosas lições acerca da presença de Deus, vejamos:

  1. A perplexidade de Habacuque

Saber que o Senhor está perto somente faz sentido quando você verdadeiramente O conhece. Na verdade, conhecer a Deus é a essência da estabilidade espiritual, porque a visão de Deus irá controlar toda sua vida. 

1. Suas perguntas sobre Deus.

Habacuque clamou: “Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás?” (Hc 1.2). Brigas e injustiças haviam enchido a terra de Judá.  Habacuque queria saber por que Deus não estava fazendo nada sobre isso.

Deus respondeu:

Habacuque 1.5-11 5 Vede entre as nações, olhai, maravilhai-vos e desvanecei, porque realizo, em vossos dias, obra tal, que vós não crereis, quando vos for contada.  6 Pois eis que suscito os caldeus, nação amarga e impetuosa, que marcham pela largura da terra, para apoderar-se de moradas que não são suas.  7 Eles são pavorosos e terríveis, e criam eles mesmos o seu direito e a sua dignidade.  8 Os seus cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, mais ferozes do que os lobos ao anoitecer são os seus cavaleiros que se espalham por toda parte; sim, os seus cavaleiros chegam de longe, voam como águia que se precipita a devorar.  9 Eles todos vêm para fazer violência; o seu rosto suspira por seguir avante; eles reúnem os cativos como areia.  10 Eles escarnecem dos reis; os príncipes são objeto do seu riso; riem-se de todas as fortalezas, porque, amontoando terra, as tomam.  11 Então, passam como passa o vento e seguem; fazem-se culpados estes cujo poder é o seu deus.”

Deus iria usar uma nação pagã para punir os filhos da aliança. Habacuque ficou surpreso:

Habacuque 3.16 Ouvi-o, e o meu íntimo se comoveu, à sua voz, tremeram os meus lábios; entrou a podridão nos meus ossos, e os joelhos me vacilaram, pois, em silêncio, devo esperar o dia da angústia, que virá contra o povo que nos acomete.”



2. Seu conhecimento de Deus.

  Habacuque começou então a lembrar o que conhecia acerca de Deus.  Ele perguntou a si mesmo sobre Deus e, em seguida, respondeu às suas próprias perguntas.

a) Ele é eterno - “Não és tu desde a eternidade?” (1.12). Isso implica que Deus é eterno. Ele estava antes, depois, acima, e independente da história, e continua reinando em atemporalidade eterna. Essa verdade ajudou ao profeta Habacuque compreender que tudo faz parte do plano majestoso e eterno de Deus.

b) Ele é auto-existente - “Ó Senhor” (v. 12) é uma referência ao nome Yahweh, que significa “eu sou”.  Ela nos diz que Deus é auto-existente em perfeita tranqüilidade imperturbável.  (Ele não é influenciado por nada nem ninguém). O profeta reconheceu que o Senhor não é influenciado por informações erradas ou opiniões.

c) Ele é santo – “Meu Santo” (v. 12) indica que Deus é perfeito e deve lidar com o pecado. Na verdade, Habacuque reconheceu em seguida que “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar” (v. 13).  Deus não pode agir além de sua santidade. Assim, o profeta poderia concluir: “Deus está nos punindo por causa do nosso pecado. Então, eu sei que o Senhor vai punir os caldeus, por causa de seus pecados também”.

d) Ele é fiel - “Nós não morreremos” (v. 12). Foi a afirmação de Habacuque ao relembrar a aliança de Deus com o Seu povo. Deus é fiel, verdadeiro e não pode mentir.

e) Ele é todo-poderoso - Ó SENHOR, para executar juízo, puseste aquele povo...” (v. 12). Habacuque fala de Deus, utilizando os caldeus para seus próprios fins. A devastação de Judá foi seu plano.



Talvez Habacuque estivesse pensando, “Tudo o que eu sei sobre o Senhor, me diz para parar de me preocupar com este problema. Eu não entendo, mas eu não preciso compreender nada. Na verdade, a minha mente é pequena demais para fazer isso, e foi o orgulho que me levou a pensar que podia”.



3. Sua fé em Deus

 O profeta aprendeu um princípio muito importante: “O justo viverá pela sua fé” (2.4, cf. Rm 1.17).  Sua forte fé no Senhor é evidente em suas palavras finais:

Habacuque 3.17-19 17 Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado,  18 todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.  19 O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente. Ao mestre de canto. Para instrumentos de cordas.”



Esse é o ponto de vista de uma pessoa estável. Saber que o Senhor está próximo nos ajuda a “Não andar ansiosos de coisa alguma” (Fp 4.6), porque sabemos que todo o universo esta debaixo de suas mãos. Uma pessoa ansiosa desconfia do poder de Deus. Uma preocupação excessiva significa não acreditar que Deus possa realmente nos ajudar. Quando agimos assim, estamos questionando Sua integridade e palavra.

Portanto, a chave para uma vida estável é deleitar-se no Senhor e meditar em Sua Palavra (Sl 1.2). Quanto mais meditamos nas Sagradas Escrituras mais conhecemos a respeito do nosso Deus e da maneira como Ele atua (Lc 24.32). Podemos olhar para os nossos problemas e dizer: “eu seu que o meu Deus está próximo e sei que ele está trabalhando em meu favor, portanto, não vou ficar preocupado”.



Conclusão:

A maneira como nos comportamos em meio aos problemas diz muito a respeito do Deus a que servimos. Se comportar de maneira serena em meio às perseguições não é covardia, mas reconhecer que Deus está próximo e vendo tudo o que estamos sofrendo. O hino “se paz a mais doce” (nº 108 - NC), descreve muito bem o que significa ser manso em meio às provações da vida.

A ansiedade é inútil. Ela não traz nenhum benefício a nossa vida, pelo contrário, ela só nos prejudica. O Senhor Jesus nos ensina que não devemos ficar ansiosos (Mt 6.25-34). Ele nos mostra que a nossa vida não é dirigida por um destino cego, mas pelas mãos de um Deus bondoso.

Viver, portanto, é saborear o cuidado diário de Deus. A vida é digna de ser celebrada com entusiasmo, porque cada dia é um milagre especial da providência divina. É o Deus criador que nos diz: Não andeis ansiosos!



[1]Walvoord, John F.; Zuck, Roy B. ; Dallas Theological Seminary: The Bible Knowledge Commentary : An Exposition of the Scriptures. Wheaton, IL : Victor Books, 1983-c1985, S. 2:663
[2] Hughes, Robert B.; Laney, J. Carl ; Hughes, Robert B.: Tyndale Concise Bible Commentary. Wheaton, Ill. : Tyndale House Publishers, 2001 (The Tyndale Reference Library), S. 606
[3] Wiersbe, Warren W.: Wiersbe's Expository Outlines on the New Testament. Wheaton, Ill. : Victor Books, 1997, c1992, S. 569
[4] Wiersbe, Warren W.: Wiersbe's Expository Outlines on the New Testament. Wheaton, Ill. : Victor Books, 1997, c1992, S. 570

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