sexta-feira, 11 de maio de 2012

Feliz dia das Mães

dia das maesOlhando com dificuldade o calendário e o relógio lado a lado na parede branca do quarto em penumbra. O tic-tac quase sempre despercebido, agora domina sozinho o espaço que meu quarto lhe concede e alimenta a minha insônia.

Não fora a intromissão do som produzido pelo incansável ir e vir do pêndulo, que passou a ser o objeto que atrai o meu olhar marejado, poderia afirmar est ar ouvindo os meus pensamentos.

E agora?

O tempo passou!

Já me foi embora do peito a dor!

Mas a saudade do colo, a ternura dos afagos, a segurança – que ainda não compreendo – vinham de tão frágeis braços.

Não os tenho mais.

Que dó!!

Eu já sou vovô!

Tenho setenta anos!

Há... Que vontade de atrasar o relógio.

De do calendário na parede, apagar o tempo.

E chamar, baixinho: Mamãe! Mamãe! E ela viria outra vez, pé ante pé, sem fazer barulho pra não acordar o meu Papai – hoje eu o chamaria papaizinho –, e então sussurrando uma canção, me faria de novo espantar o medo e dormiria tranqüilo.

Nesse treze de maio, dia das Mães, queremos honrar todas as mães da nossa Igreja e declarar – por experiência própria –. É indelével o vosso amor.

As Mães são a manifestação do mais puro amor que pode ser experimentando pelo homem.

Dois genuínos presentes de Deus: O Amor em si mesmo, mas, e, principalmente, Mãe.

Além disso, ser mãe é perseverar. É não desistir jamais. É orar até que algo aconteça, mesmo que isso leve anos. É persistir quando todos já desistiram. É amar quando todos o rejeitaram. É investir cada “centavo” de tempo na vida do filho. É acreditar sempre, mesmo que as circunstâncias dizem “não!”. É disciplinar quando necessário, mas jamais abandoná-lo.

Ser mãe é amar. É amar a herança que Deus lhe concedeu (salmo 127.3). É falar de Deus para o filho, e dele para Deus. Ser mãe é amar sempre e nunca desprezar. É também uma grande responsabilidade. É preparar os filhos para agradar ou entristecer o coração do Senhor.

O Senhor seja louvado. Que o Eterno continue abençoando grandemente as mamães.

 

Dos amigos e irmãos em Cristo,
Rômulo de Oliveira e Rev. Jocarli A. G. Junior

2 comentários:

  1. O prazer que emana de um texto de boa força estética é aquele que, inevitavelmente, nos comove. Esta comoção pode vir de um leve sorriso pra dentro de si mesmo, como a uma parada para reflexão que a "materialidade da palavra" te força a realizar. Textos dedicados às mães, nesta data corriqueira, sempre são previsíveis. Neste, houve a elegância de utilização de um recurso lúdico absurdamente poderoso (que são três em um, indissociáveis, nesta questão): a rememoração, a memória, a lembrança. Quando o narrador re-memora, trás à tona a realidade que nos força a entender o que, verdadeiramente, fizeram (digo os atos mesmo, em si), nossas mães, quando ainda necessitávamos, integralmente, delas: a dedicação desmedida, mesmo com os tantos afazeres que uma mulher têm em seu dia. Somente hoje, mãe, compreendo, quando agradeço ao Senhor o presente recebido (e sempre é o agradecimento, de meu dia, o mais carregado de emotividade, de força, de aquecimento no peito, e de intimidade com o Pai - afinal, agradeço e peço a revitalização, constante, do presente recebido Dele), o que faziam minha mãe e, por conseguinte, minha avó, bisavó, tataravó... Apesar de a maternidade não chegar a todas as mulheres, por motivos que apenas ao Senhor cabe entender, é pelo atravessar da maternidade que se concretiza e se torna inteligível, em definitivo, o amor de um filho pela mãe. Sempre amei, imensamente, minha mãe (mesmo quando ela achava que não): mas hoje, este amor eleva-se à potência da gratidão quase infinita, pois ao cuidar da minha filha, eu, automaticamente, renovo o meu amor por minha mãe. Nunca disse isso a ela - (está aí uma falha que devo ajeitar). O beijo do fim de noite, quando vem seguido do pedido de Bênção do Pai, é a revovação do que já fora feito para mim. É um movimento cíclico que se fecha: ao agradecer, ao olhar, vejo-me olhada por minha mãe, vejo-me acariciada por ela; ao passar as mãos, infindáveis vezes, nos cabelos de minha filha, sinto o passar de mãos, infindáveis vezes, de minha mãe em meus cabelos. Precisei ser mãe para renovar, dia após dia, no silêncio da noite, o amor recebido. Acredito que tudo o que recebi, repasso. Filho que honra/honrou pai e mãe é o filho que se doa ao fruto de seu ventre: renova-se o ciclo. Honrar Mãe e Pai é mais que Obediência: é ato de amor, sim?

    É, Presbítero Rômulo, mais uma vez fazendo a palavra pular, voar feito flexa, e atingir feito cisco nossos olhos; e daí rolarem lágrimas de agradecimento íntimo ao PAI!

    Obs: se estivesse viva, Dª Alina passaria seus dedos em seus cabelos enquanto, em secreto, agradeceria tal prazer e tal presente!

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    1. Querida Stella. Não poderia esperar outra coisa vinda de você! fico feliz em particular, porque o retorno que me dás, é de que meu escrito foi entendido como eu o premeditei.
      O seu comentário que eclípsa o meu artigo, ao contrário de me constranger,me faz sentir aprovado, porque fui avaliado por uma Mestra em literatura e professora de história da literatura. O que mas agradecer? Te amo para sempre. Por ter você Glorifico ao nosso Senhor e salvador Jesus Cristo.

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